segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Patologias das Radiações

Alterações patológicas que ocorrem nos tecidos após irradiação


Efeitos 'agudos' vs. crónicos



* Esta sistematização é baseada apenas no tempo para a expressão dos danos* Não descreve as alterações morfológicas e estruturais que ocorrem após irradiação
Não confundir ...... efeitos agudos com tecidos de resposta rápida ... efeitos crónicos com tecidos de resposta tardia... efeitos crónicos com efeitos tardios
Efeitos agudos
* Ocorrem em tecidos de resposta mais ou menos rápida mas ...* São sempre devidos à deplecção de células parenquimatosas
* O tempo para o seu aparecimento depende da cinética das células alvo em causa
i.e. ocorrem precocemente em tecidos de resposta rápida (esofagite - 1º mês) ...... e tardiamente em tecidos de resposta mais lenta (pneumonite - 3 meses)
* Podem ser reversíveis, dependendo da dose e potencial proliferativo dos alvos
Efeitos crónicos
Ocorrem em duas circunstâncias:
Pela irreversibilidade e progressão de alguns efeitos agudos (consequenciais)
Devido à deplecção de células críticas não parenquimatosas (endotélio, fibroblastos)
Podem ser tambem designados respectivamente por efeitos crónicos secundários e efeitos crónicos primários
Pela sua fisiopatologia os efeitos crónicos secundários podem ocorrer mais precocemente
Os primários ocorrem num tempo consistente com a cinética das céluas alvo implicadas (pode ir de meses a anos)
Em ambos os casos estes efeitos partilham algumas características:
Permanentes
Irreversíveis
Muito provavelmente progressivos

Recuperação dos danos



Regeneração
As células lesadas são substituidas por células idênticas
Leva à reversão total ou parcial das reacções imediatas à radiação
Órgão ou tecido volta ao estado inicial, morfologica e funcionalmente
Na ocorrência apenas deste mecanismo, os efeitos tardios serão do tipo primário, i.e. causados por deplecção de células não parenquimatosas
Reparação
As células originais mortas são substituidas por células de um tipo diferente
Geralmente motivada por doses mais elevadas ou em volumes maiores
Órgão ou tecido não volta ao seu estado morfológico ou funcional prévio
Possivelmente contribui para uma reacção tardia de tipo secundário

Qualquer dos tipos de reparação ocorre em graus diversos
A regeneração só é possível para doses mais baixas
Doses progressivamente maiores aumentam a ocorrência do mecanismo de reparação
Condições extremas, produzindo danos extensos, podem evoluir para a necrose

A Regeneração ocorre com maior frequência ...
... após doses baixas ou moderadas... em órgãos cujas cujas células estão em divisão activa ou retêm capacidade para o fazer (ex.: tecidos de resposta rápida: pele, mucosa intestinal, medula óssea)
Nestes órgãos a Reparação só ocorre após altas doses, que destruam um número demasiado elevado de células parenquimatosas, tornando a Regeneração impossível ou incompleta
Por outro lado ...
Tecidos e órgãos de resposta tardia (pulmão, rim) têm uma capacidade regenerativa limitadaDoses moderadas ou altas levam invariavelmente à Reparação, com alteração de função

Tempo
Tecidos de resposta rápida demonstram alterações mais precocemente
Reacções severas destes tecidos cursam em simultâneo com respostas mínimas ou nulas de outros tecidos
Mais tarde, após a irradiação, a situação tende a inverter-se
P.e.: Na irradiação de tumores do pulmão, a pele exibe alterações durante e pouco depois do tratamento, que desaparecem após alguns meses, enquanto que o pulmão, exibirá alterações de fibrose 6 a 12 meses depois.
Factores clínicos influentes na resposta
Dose - volume - fraccionamento


* Radiodiagnóstico: dose baixa (0.5-1Gy) volume limitado dose única* Medicina nuclear: dose baixa (0.5-1Gy) volume alargado dose única* Radioterapia: dose alta (40-60Gy) volume limitado dose fraccionada

Uma determinada dose quando fraccionada é biologicamente menos eficaz do que uma administração única da mesma dose
A maioria dos órgãos e tecidos demonstram menos alterações se a dose total for fraccionada
O grau de falência funcional de um determinado órgão tem a ver com a proporção do volume do órgão que foi irradiado
Embora as alterações morfológicas sejam as mesmas em toda a área irradiada essas alterações são potencialmente mais perigosas se envolverem um volume maior do órgão
A estutura funcional de um órgão também dita qual a influência da lesão de apenas parte da sua estrutura funcional (série vs. paralelo)

Alterações gerais nos órgãos
Alterações agudas: inflamação, edema, hemorragia, ulceraçãoAlterações crónicas: fibrose, atrofia, ulceração, estenose, obstrução
O grau destas alterações depende do tipo de radiação, da dose e da forma como é administrada
Patologicamente não é possível distinguir alterações crónicas primárias de secundárias.O tempo do seu aparecimento é o factor crítico para a distinção
Necrose
falência dos mecanismos de raparaçãorepresenta o efeito secundário crónico extremo
A resposta geral de um sistema é determinada pelo órgão mais sensível desse sistema
Em radiologia diagnóstica e medicina nuclear as exposições são de pequena intensidade e têm pouca expressão em termos de alterações agudas. As alterações crónicas são na maioria tardias e incidindo na oncogénese e teratogénese.
Embora o risco seja mínimo ele existe e tem que ser justificado pela pertinência do exame.Pelo lado dos profissionais, as normas de segurança têm como objectivo reduzir os riscos de exposição ou minimizá-la porque mesmo doses baixas representam um risco de saúde.


Referência:


Patologia da Radiações. Disponível em: <> . Acesso em: 10 ago. 2009